A cooperação internacional e em rede vai impulsionar a agroecologia e a agricultura orgânica. A declaração foi feita pelo secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Edward Madureira, na abertura do seminário, realizado nesta quarta-feira (24), para discutir a Plataforma Tecnológica de Agroecologia, Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar. A ferramenta é um dos projetos do MCTIC aprovados na 8ª convocatória do programa Diálogos Setoriais entre Brasil e União Europeia.
A realização do seminário é uma das ações para a estruturação da plataforma. O evento contou com a participação de representantes do Brasil e da Europa, que compartilharam experiências em agroecologia e produção orgânica de alimentos. Edward Madureira destacou que agregar ciência e tecnologia ao setor vai fazer a diferença. “A agricultura familiar e orgânica tem de ser um negócio e lucrativo. Precisamos centrar nossas forças para agregar conhecimento e competitividade a esse setor.”
Plataforma
O diretor do Departamento de Ações Regionais para Inclusão Social do MCTIC, Osório Coelho, ressaltou que o objetivo do seminário é compartilhar práticas desenvolvidas na Europa em agroecologia e, com isso, estreitar as relações entre os países. “Todas essas boas práticas vão fazer parte de uma grande plataforma de conhecimento”, acrescenta.
As informações serão compartilhadas por meio da NutriSSAN, uma plataforma tecnológica que vai reunir pesquisadores de vários países em uma rede global voltada para a nutrição e a segurança alimentar. A ferramenta está sendo desenvolvida por meio de parceria do MCTIC e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) com apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Um dos palestrantes, o ecologista e agrônomo belga Alain Peeter, relatou a experiência em agroecologia desenvolvida em três fazendas, duas na França e uma na Bélgica. Em sua apresentação, ele destacou as técnicas utilizadas e os resultados obtidos nesses três diferentes sistemas.
Segundo Peeter, investir em agroecologia é estratégico já que os custos são mais baixos, porque exigem menos investimentos em tecnologia, pesticidas e combustíveis. Além disso, os produtos têm mais qualidade, são saudáveis, e o preço de venda é mais elevado. “Temos de dar uma chance à biodiversidade e evitar o uso de pesticidas. Nem tudo na natureza é bom para o ser humano. Mas a maioria é”, concluiu.
O deputado distrital Joe Valle, que é produtor de orgânicos há 20 anos, mostrou indicadores sobre agricultura orgânica no Distrito Federal. Segundo ele, Brasília é referência nesse tipo de agricultura no país, com a produção anual de 7,5 toneladas de hortifrutis e 180 mil consumidores. Ele cobrou investimentos na formação de técnicos e em pesquisas. “Falta conhecimento na área para ajudar o produtor. A cadeia de insumos também é um gargalo. É um desafio encontrar insumos orgânicos nas lojas.”
O diretor do programa Diálogos Setoriais, Marcelo Barbosa, disse que o projeto da plataforma tecnológica é valioso por conectar pesquisa, produção, desenvolvimento e distribuição de alimentos orgânicos e ecológicos. Além disso, a plataforma permite a junção de duas realidades distintas do país – a academia e os pequenos produtores. Ele também destacou a participação do MCTIC no Diálogos Setoriais. Somente na última convocatória do programa, o ministério apresentou 13 das 71 ações aprovadas pelo Ministério do Planejamento.
O representante da delegação da União Europeia no Brasil, Asier Santillan, apontou que a política agrícola é essencial e une os países integrantes do projeto. “Trabalhar na troca de experiência em agroecologia e agricultura orgânica é fundamental para as duas partes e a plataforma tecnológica vai permitir, inclusive, que essas experiências extrapolem fronteiras.”
Fonte: MCTIC