O Bradesco lançou oficialmente no dia 07 de fevereiro, o Habitat, um espaço para startups de tecnologia em São Paulo. O esforço faz parte da mais recente ofensiva dos grandes bancos do País para terem hubs próprios de inovação, enquanto enfrentam crescente concorrência de startups financeiras, as fintechs.
Num edifício de 10 andares na região central da capital paulista, o Habitat já abriga cerca de 600 pessoas, entre criadores de startups, universitários, investidores, grandes empresas e os sócios do Bradesco em tecnologia, incluindo gigantes como IBM, Microsoft e Oracle.
“O objetivo do espaço é abrigar projetos baseados em tecnologias digitais disruptivas como blockchain, big data e algoritmos, internet das coisas, inteligência artificial”, disse o vice-presidente responsável por TI no Bradesco, Maurício Minas, durante cerimônia de lançamento do Habitat. O valor investido pelo Bradesco no projeto não foi revelado.
O ambiente do Habitat, gerido pela empresa global de trabalho colaborativo WeWork, tem semelhanças com o Cubo, espaço criado pelo Itaú Unibanco em 2015, também em São Paulo, para abrigar e acelerar startups. Nas próximas semanas, o Cubo deve inaugurar um espaço quatro vezes maior, para até 210 startups.
Diferente do Itaú Unibanco, que vê o Cubo como um espaço independente e não tem de início planos de comprar participação ou mesmo usar inovações desenvolvidas no espaço para a própria instituição financeira, o Habitat foi desde a gênese pensado principalmente para alimentar a inovação no próprio Bradesco. “Queremos pescar no nosso aquário”, afirmou Minas.
Além disso, o Habitat deve abrigar startups em estágio mais avançado, próximas de oferecer produtos com alguma chance de escala no mercado, disse o executivo. Numa mostra da diferença entre os projetos, a startup de gestão de recursos por meio de robôs Vérios deixou o Cubo e passou a ser abrigada no Habitat.
O Habitat vai abrigar além das fintechs startups de tecnologia, serviços médicos, turismo e educação, entre outras. O Bradesco também já acertou parcerias com as universidades Anima e Kroton para uso do espaço em projetos conjuntos.
De acordo com Minas, dada a crescente tendência de intersecção do setor financeiro com outros setores de serviços, esse desenho pode ser útil futuramente para o Bradesco, inclusive para ter pacotes de produtos mais integrados.
O banco, que já tem há alguns anos o Inova Bra, espécie de incubadora de startups, criou um fundo próprio de US$ 100 milhões para investir em empresas selecionadas do Habitat. Três inversões já aconteceram, outras duas devem ser reveladas nas próximas semanas, disse Minas.
O movimento dos bancos brasileiros acontece na esteira da rápida multiplicação das fintechs, as plataformas digitais que oferecem serviços financeiros, ofertando produtos como crédito e meios de pagamentos.
Na segunda-feira, o BTG Pactual lançou seu programa de aceleração de startups, que vai se concentrar em empresas de nível mais maduro. O Banco do Brasil também estuda ter seu próprio hub de inovação.
Fonte: Agência Reuters