Saúde, diversidade e dados abertos são principais tópicos debatidos na primeira reunião de conselheiros científicos do G20

MCTI representou Brasil na iniciativa proposta pela presidência indiana para tratar de questões políticas globais de ciência e tecnologia

 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) representou o Brasil na primeira reunião de conselheiros científicos chefes ou seus equivalentes do G20-CSAR (G20 – Chief Science Advisers Roundtable). A reunião realizada nesta quarta-feira (29) em Ramnagar, no estado de Uttarakhand, na Índia, é uma iniciativa concebida pela presidência indiana do G20 para estabelecer um mecanismo de aconselhamento científico global eficaz.

Os conselheiros científicos chefes estão inseridos no mais alto nível de governança e têm um papel proeminente na definição das escolhas políticas, fornecendo aconselhamento científico baseado em evidências. “A natureza abrangente e transversal do mecanismo de aconselhamento científico permite-nos criar sinergias entre vários setores e ser uma ferramenta catalisadora para alcançar soluções para algumas das questões complexas, multidimensionais e transdisciplinares”, afirmou o principal Conselheiro Científico do Governo da Índia, Ajay Kumar Sood, em comunicado à imprensa.

Mais de 50 delegados de 17 países participaram dos debates em torno de quatro temas relevantes para as questões políticas globais de ciência e tecnologia. O G20 reúne as principais potências científicas emergentes do mundo que produzem aproximadamente 85% do conhecimento científico global. Foram debatidas oportunidades em saúde única, diversidade e acesso aberto.

“O Brasil pode contribuir para a consolidação desses temas, pois além de serem muito importantes, estão afinados com as políticas que atualmente temos no Brasil”, avaliou a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Marcia Barbosa.

O primeiro painel abordou as oportunidades em One Health, conceito de saúde única que engloba meio ambiente, para melhor controle de doenças e preparação para pandemias. O Brasil relatou a experiência da Rede Vírus MCTI, constituída em 2020 para enfrentamento de viroses emergentes e reemergentes que atua em diferentes frentes. Atualmente, está direcionando esforços para o monitoramento do vírus influenza aviária, em especial o monitoramento de aves migratórias. A história demonstra que cerca de 70% das doenças infecciosas emergentes, vírus que causaram epidemias e pandemias, eram provenientes de animais silvestres. “A proposta é tentar estabelecer uma plataforma de comunicação para melhorar a compreensão mútua das ações dos países, para compatibilizar e compartilhar dados e também políticas”, relatou Marcia sobre os encaminhamentos em torno do tema.

O segundo painel abordou esforços globais para expandir o acesso ao conhecimento científico acadêmico. O alto custo das publicações científicas foi mencionado como um dos desafios. Outro aspecto debatido foi o financiamento das editoras globais de acesso aberto.

“Isso originou uma abertura de diálogo importante com a Índia, que compartilha da mesma preocupação. Nossa proposta é estabelecer uma visão conjunta para dialogar com as editoras sobre os altos preços que envolvem as publicações científicas”, informou.

A secretária Marcia Barbosa destacou ainda que, embora sem uma política nomeada, o Brasil já pratica o acesso aberto a dados por meio de plataformas nacionais como Lattes, Sucupira e Scielo. “A Scielo foi imediatamente reconhecida pela representante da África do Sul, que relatou estar utilizando a plataforma Scielo”, descreveu.

O terceiro painel enfatizou questões relativas à diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade em ciência e tecnologia. “Todos os países demonstraram a mesma preocupação, não apenas para questão de gênero, mas também para questões raciais, grupos indígenas e sobre diversidade na ciência.

“Nós precisamos olhar as políticas que estão sendo feitas no âmbito dos países do G20, observar quais impactos têm produzido e, a partir disso, construir um sistema de boas práticas.”

Em agosto, o grupo voltará a se reunir, e o Brasil deverá apresentar o retorno sobre as questões e propostas debatidas. O país ocupará a próxima presidência do G20 a partir de dezembro de 2023.

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