Astronautas vão reciclar plástico no espaço usando ciência brasileira

Não saber para onde vai o lixo que produzimos é um luxo de terráqueos. No espaço, onde cada grama e cada centímetro quadrado precisam ser bem utilizados, os astronautas cortam um dobrado para lidar com seus resíduos.

Agora, com o auxílio de uma tecnologia brasileira de reciclagem, os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) vão ganhar uma mãozinha para lidar ao menos com os detritos plásticos, já que dentro de poucos dias deve chegar por lá um “pacote” contendo uma máquina recicladora de plásticos, desenvolvida pela brasileira Braskem em parceria com a norte-americana Made in Space.

Com a recicladora a bordo, os astronautas poderão reaproveitar embalagens e ferramentas plásticas que já tenham cumprido sua função na Estação, moendo e fundindo esses resíduos para a produção de novos filamentos plásticos, tudo de forma automática e com mínima intervenção da tripulação. Mais tarde, esses filamentos poderão ser reutilizados na impressora 3D que eles já tem por lá desde 2016, produzindo novos objetos com novas utilidades.

A recicladora será despachada dos EUA neste sábado (2 de novembro), às 10h59 (horário de Brasília), como parte da 12ª missão comercial de reabastecimento da Northrop Grumman (NG12), com previsão de chegada à ISS dois dias após o lançamento.

A promessa é que a recicladora possa aumentar a autonomia das missões e otimizar o peso que a estação precisa transportar. “A recicladora fecha o ciclo do plástico na Estação Espacial, permitindo que os astronautas possam repor ferramentas ou peças com menor dependência do envio de matéria prima vinda da Terra”, explica Fabiana Quiroga, diretora de economia circular da Braskem.

Do tamanho de um microondas grande (com 50 cm de largura, 43 cm de profundidade e 22 cm de altura) e capaz de transformar restos de plástico em filamentos em menos de dez horas, a recicladora é parte de uma nova fase da cooperação entre a Made in Space e a Braskem, que já trabalham juntas desde 2015. A parceria começou por conta do interesse da norte-americana, que é contratada da NASA para o desenvolvimento de tecnologias que operem em gravidade zero, no “plástico verde” da Braskem.

“Eles buscavam um material que tivesse flexibilidade, resistência química e reciclabilidade, e o nosso polietileno verde tem essa característica”, explica Everton Simões Van-Dal, responsável pelos negócios de químicos renováveis da Braskem. De quebra, por ser produzido a partir da cana de açúcar em vez do petróleo, o plástico verde é renovável e tem uma pegada de carbono muito menor do que outros plásticos advindos de fontes fósseis. “Cada tonelada de polietileno verde captura 3 toneladas de gás carbônico da atmosfera”, frisa Van-Dal.

“Eles buscavam um material que tivesse flexibilidade, resistência química e reciclabilidade, e o nosso polietileno verde tem essa característica”, explica Everton Simões Van-Dal, responsável pelos negócios de químicos renováveis da Braskem. De quebra, por ser produzido a partir da cana de açúcar em vez do petróleo, o plástico verde é renovável e tem uma pegada de carbono muito menor do que outros plásticos advindos de fontes fósseis. “Cada tonelada de polietileno verde captura 3 toneladas de gás carbônico da atmosfera”, frisa Van-Dal.

Apesar da origem em fonte renovável, o plástico verde não é biodegradável, e por isso existe a preocupação com o desenvolvimento de melhores técnicas de reaproveitamento de resíduos. Como a tecnologia de reciclagem do polietileno ainda é nova, exigindo maiores testes para garantir a qualidade dos produtos confeccionados com o material reciclado, a ISS infelizmente ainda não poderá se tornar autossuficiente em plástico.

Isso porque, segundo Van-Dal, as técnicas de reciclagem atuais ainda exigem a adição de materiais virgens para garantir a resistência dos produtos confeccionados com o plástico reciclado. Ou seja, os astronautas ainda precisarão receber matéria-prima plástica para a impressora que tem por lá, mas agora em menores quantidades.

Com o avanço das experiências de reciclagem espaciais, a expectativa é que que possam ser obtidos novos aprendizados que melhorem a tecnologia, trazendo um maior interesse do mercado pelo processo de reciclagem do plástico. “Hoje já existem recicladoras pequenas no mercado, capazes de alimentar uma impressora 3D, mas não são muitas, e elas ainda estão restritas a lojas mais técnicas”, pondera Van-Dal.

Saiba mais sobre a criação da recicladora da ISS no vídeo, em inglês.

Fonte: Revista Galileu

 

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