BNDES terá de fazer captações no mercado

O BNDES terá de fazer captações no Brasil ou no exterior para assegurar o pagamento antecipado do Tesouro em 2018. Estimativas preliminares da área técnica do banco apontam que a entrada de recursos no ano que vem deve ficar em torno de Rs 170 bilhões, e a saída, em pouco mais de R$ 200 bilhões, sem considerar o montante solicitado pela União.
Essa diferença, que já demonstra o aperto no caixa, terá de ser coberta com recursos extras ou compensada com a queda no volume de desembolsos. Este ano, a previsão de entrada de recursos no BNDES, sobretudo com o pagamento de operações de crédito contratadas no passado, deve alcançar R$ 200 bilhões, segundo uma fonte. Como a demanda pelos empréstimos do BNDES vem caindo desde 2014, o volume desembolsado também tem recuado. Por isso, à medida que esses empréstimos vencem, menos dinheiro entra no caixa do banco. Além disso, como a taxa de juros bãsi-ca, a Selic, também está em queda, o dinheiro que o banco investe em títulos rende menos. Daí a queda prevista de 11$30 bilhões no fluxo de entrada de recursos para 2018. Paralelamente, o governo federal tem solicitado ao BNDES a devolução de recursos de várias fontes defunding do banco, para aliviar a situação fiscal da União. A estimativa de saída de 11$ 200 bilhões em 2018 leva em conta a devolução do FAT, o saque do PIS/Pasep, despesas financeiras do BNDES (com juros e encargos) e o desembolso de aproximadamente R$ 90 bilhões.
A margem de manobra do banco está justamente ai: se devolver mais dinheiro ao Tesouro e as captações não forem bem-sucedidas, terá de emprestar menos.
DEMANDA DE R$ 90 BI A R$ 120 BI
No acumulado de janeiro a agosto, o BNDES liberou R$ 45 bilhões. Para 2018, o banco trabalha com alguns cenários: no mais otimista, com crescimento de 3% a 4% da economia, a demanda de desembolsos seria de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões. No cenário mais conservador, com avanço de 1% do PIB, a demanda seria de 11$90 bilhões. Na avaliação do diretor financeiro do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, apenas no fim do ano, quando o cenário econômico para 2018 estiver mais definido, será possível avaliar quanto de fato o banco poderá devolver para o Tesouro.
Além da devolução do FAT e da liberação do PIS/Pasep, os ministérios da Fazenda e do Planejamento já pediram a antecipação de mais 180 bilhões até 2018, referentes a empréstimos feitos ao banco no passado.
O BNDES se comprometeu a devolver R$ 50 bilhões este ano. Os R$130 bilhões restantes estão sob avaliação. Em evento em São Paulo, o diretor de Planejamento e Pesquisa do BNDES, Carlos da Costa, disse que os recursos que a instituição têm em caixa estão comprometidos com desembolsos para 2018: são recursos já comprometidos.
Sabemos que somos parte do governo, mas não podemos nos furtar de nossa missão institucional que é financiar o desenvolvimento do país. Freitas disse ainda que o banco precisa respeitar o chamado limite prudencial, quantia minima que deve ficar em caixa para eventuais emergências. Hoje, esse limite é de cerca de R$ 60 bilhões, e o caixa do banco está em tomo de R$ 170 bilhões.
Fonte: Jornal O Globo em 04/10/2017

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