O grupo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) são países emergentes com importante peso na economia mundial. São economias com características similares, como o tamanho e o nível de desenvolvimento, portanto, faz sentido compará-las. No relatório Competitividade Brasil 2019-2020, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no qual são analisadas 18 economias, a China está em 4º lugar, a Rússia, em 9º, a África do Sul, em 10º, a Índia em 14º e Brasil em 17º.
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Na análise abaixo, de cada um dos nove fatores de competitividade, é possível observar os pontos fortes e fracos do Brasil em relação aos BRICS. Enquanto a economia brasileira se destaca positivamente em Trabalho e Tecnologia e Inovação, precisa avançar de forma rápida em Financiamento, Tributação, Ambiente macroeconômico, Estrutura produtiva, escala e concorrência e Ambiente de negócios.
Confira a situação do Brasil e das demais economias dos BRICS em cada um dos fatores:
1. Trabalho
Entre os países do BRICS, a África do Sul é a mais bem posicionada no fator Trabalho (nota 5,4), resultado puxado pelo forte crescimento de sua força de trabalho em 2018 (2,8%) – a maior taxa dos 18 países avaliados. O Brasil é o segundo mais bem posicionado do grupo (5,16), devido sobretudo ao tamanho de sua oferta de trabalho, medida como a população economicamente ativa (PEA) em relação à população total – a oitava maior dos 18 países.
2. Financiamento
A China é a primeira no fator Financiamento, entre os BRICS, e a segunda mais bem colocada no total dos 18 países (nota 7,16). O país possui os mais altos indicadores no subfator Desempenho do sistema financeiro. No subfator Disponibilidade, tem a segunda maior oferta de crédito ao setor privado e é a mais bem avaliada quanto à oferta de venture capital. O Brasil é o último colocado no fator Financiamento (2,22), devido aos custos elevados.
3. Infraestrutura e logística
A China é a primeira dos BRICS no fator Infraestrutura e logística (nota 6,67). A China ocupa a primeira posição em três dos quatro subfatores: Infraestrutura de Transporte (6,71), de Energia (6,01) e de Logística internacional (7,98). O Brasil é o penúltimo colocado entre os BRICS (nota 4,77). Em Transporte e Energia, é o último colocado, com notas 3,88 e 3,43. Em Logística internacional, é o quinto colocado (5,74), à frente apenas da Rússia. Em Telecomunicações, o Brasil é o segundo colocado (6,02), atrás da Rússia (7,13) e à frente da China (5,97).
4. Tributação
A Rússia é a primeira do BRICS no fator Tributação (nota 6,91) e a sexta colocada no total dos 18 países. O peso dos tributos na Rússia é a segundo menor entre os BRICS (nota 6,61), atrás apenas da Índia (6,82), e a qualidade do sistema tributário é a mais alta (7,22). O Brasil é o último colocado dos BRICS (nota 3,82) e o penúltimo colocado dos 18 países, devido à elevada carga de tributos e à baixa qualidade do sistema tributário.
5. Ambiente macroeconômico
A Rússia aparece em primeiro lugar no fator Ambiente macroeconômico entre os 18 países avaliados (nota 7,09). O país é o primeiro no total dos 18 países nos subfatores Equilíbrio fiscal (5,85) e Equilíbrio externo (6,31). Em Equilíbrio monetário, obtém o segundo melhor desempenho entre os BRICS (9,10), atrás da China (9,32). O Brasil é o último colocado entre os BRICS nesse fator (5,96). Em Equilíbrio fiscal, ocupa a última posição dos 18 países (3,66). Em Equilíbrio monetário, é o último dos BRICS (8,87) e, em Equilíbrio externo, é o terceiro colocado (5,35).
6. Estrutura produtiva, escala e concorrência
A China é a primeira colocada no fator Estrutura produtiva, escala e concorrência entre os 18 países avaliados (nota 8,01). O Brasil é o penúltimo colocado entre os BRICS (6,25). No subfator Escala, ocupa a quarta posição, à frente apenas da África do Sul, e no subfator Estrutura produtiva, ocupa o terceiro lugar. Em Concorrência, o Brasil é o último colocado dos BRICS, enquanto a China é a segunda colocada.
7. Ambiente de negócios
A China é a mais bem colocada dos BRICS e a sexta no ranking de 18 países (nota 6,38). Nos subfatores Burocracia e Segurança jurídica, obtém o melhor resultado entre os BRICS, com notas 7,85 e 6,92. O Brasil é o mais mal colocado entre os BRICS no fator Ambiente de negócios (5,02), recebendo as piores notas em Burocracia (4,81) e Segurança jurídica (5,05). Em Eficiência do Estado, o Brasil ocupa a primeira posição (5,19), enquanto a China ocupa a quarta (4,38).
8. Educação
A Rússia é a primeira dos BRICS no fator Educação e a quinta no ranking de 18 países (nota 4,97). Embora a Rússia tenha o menor Gasto público em educação dos 18 países, apresentou o segundo melhor desempenho em Disseminação e o sexto melhor em Qualidade. O Brasil é o caso oposto: apesar de apresentar o segundo maior Gasto público em educação, atrás apenas da África do Sul, está entre os últimos colocados nos subfatores Disseminação e Qualidade.
9.Tecnologia e inovação
A China é a primeira dos BRICS no fator Tecnologia e inovação e a segunda mais bem colocada no ranking de 18 países (nota 6,40). A China registrou a segunda maior despesa total com P&D e, em termos de resultado, foi o país com o segundo maior número de pedidos internacionais de patente e o que mais exportou produtos de alta-tecnologia. O Brasil é o segundo dos BRICS nesse fator (nota 3,06), atrás da China, ocupando a segunda posição em ambas as dimensões avaliadas: esforços de P&D e resultados dos esforços.