Em 2019 a Embrapii deu um importante passo
O setor automotivo no Brasil representa cerca de 22% do PIB industrial e gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos, além de sua influência sobre outros segmentos que integram a cadeia. Diante de tamanha representatividade, é clara a necessidade de novas estratégias e investimentos para que não se perca de vista as transformações tecnológicas cada vez mais intensas em todo o mundo. Neste contexto, em 2019, a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) deu um importante passo, tornando-se um dos coordenadores de Programas e Projetos Prioritários (PPPs) de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para mobilidade e logística, previstos no Rota 2030 – conjunto de medidas que entrou em vigor no início do ano passado para orientar e incentivar o desenvolvimento da indústria automotiva no País.
Os PPPs serão financiados com recursos que antes eram direcionados ao pagamento de 2% (ex-tarifário) de imposto de importação de componentes sem produção similar no Brasil. Com isso, deverão atender as demandas tecnológicas das empresas do segmento. A iniciativa do Ministério da Economia (ME), em conjunto com o setor privado, tem como um dos objetivos elevar a cadeia de fornecedores da indústria automotiva nacional a níveis de igualdade com os principais mercados do mundo.
Como ente coordenador de PPP, a EMBRAPII está apta para receber os aportes (antes direcionados ao pagamento do ex-tarifário de peças importadas) das empresas do setor que necessitam cumprir suas obrigações legais com o Rota 2030. Os recursos obtidos pela entidade no programa são destinados exclusivamente à contratação de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em variadas áreas tecnológicas desde ferramentaria, conectividade, internet das coisas (IoT), novos materiais, biocombustíveis, carros elétricos, entre outros, que sejam demandados por empresas do setor de mobilidade e logística.
Para as empresas que desejam utilizar o recurso aportado no programa e buscam parceria, a EMBRAPII tem dois modelos de financiamento: o tipo 1, que oferece até um terço de recursos não reembolsáveis; e o tipo 2, que garante até 50% do valor do projeto, desde que seja com pelo menos duas empresas e, ao menos uma delas, seja de pequeno porte. O objetivo é alimentar a cadeia produtiva trabalhando conjuntamente, inclusive, com startups.
A EMBRAPII conta com uma rede de 42 Unidades EMBRAPII, centros de pesquisa de alta competência tecnológica distribuídos em todas as regiões do País, com estrutura de gestão e processos, controle de riscos e profissionais altamente qualificados preparados para atuar em diferentes segmentos. Além do desenvolvimento de projetos, estas Unidades poderão complementar e adicionar novos conhecimentos às empresas com linguagem empresarial e seguindo o “timing industrial”. Dentro desse processo estão previstos: cronograma de execução, metas estabelecidas, entregas periódicas, macroentregas estipuladas e cronograma de desembolso financeiro.
A expectativa é que as empresas sejam atraídas pela forte base de conhecimento existente nas Unidades EMBRAPII e se beneficiem com a agilidade e baixa burocracia do modelo, uma vez que não existe a necessidade de se esperar por edital para a contratação de projetos. A qualquer momento a empresa pode contatar e negociar diretamente com a Unidade. Em média, em apenas três meses, os projetos são contratados, aprovados e iniciam a execução. Já são mais de 830 projetos de mais de 580 empresas nacionais, somando R$ 1,4 bilhão investidos no desenvolvimento de novas soluções e processos no mercado brasileiro.
Especificamente para a área automotiva, a lista de propostas desenvolvidas é extensa, antes mesmo do Rota 2030. Um exemplo é o dispositivo “VAI”, apresentado por uma empresa pernambucana que precisava de tecnologia capaz de traçar um diagnóstico veicular e alertar o proprietário sobre as peças que estivessem na iminência de apresentar problemas. Hoje, o produto está pronto e em comercialização no mercado. Outro exemplo é robô Snake, equipamento demandado pela GM (General Motors) para soldagem de componentes em locais de difícil acesso na linha de montagem do veículo, além de dezenas de outros cases.
O Rota 2030 é paradigmático como política pública, uma vez que os recursos aportados retornam para fortalecer a cadeia de fornecedores da indústria automobilística ajudando a potencializar o setor produtivo, ampliando sua competitividade, principalmente para a cadeia de fornecedores. É necessário seguir somando esforços, compreendendo os desafios de uma economia mundial cada vez mais dinâmica e centrada em conhecimento, e aplicando inovação como motor do desenvolvimento econômico e social do País. A rota está traçada e ela passa, obrigatoriamente, pela inovação.
Fonte: Automotive Business