O Brasil passa a contar com um Comitê da Indústria para Inteligência Artificial, com a participação de empresas e organizações. O objetivo é discutir o uso ético e responsável da IA nos negócios. A proposta é fazer uma reunião trimestral para colocar à mesa os desafios e oportunidades com o uso da tecnologia. A primeira reunião contou com a presença de executivos de empresas como Microsoft, Bradesco, Vivo, Grupo Fleury, Sulamérica e Car10, além da participação extraordinária de Miriam Wimmer, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Representantes do Movimento Brasil Competitivo (MBC), do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI) e do Instituto de Tecnologia Social (ITS) também estiveram presentes no encontro realizado online.
O conselho também será responsável por discutir o conhecimento mais demandado pela indústria, a fim de estabelecer maior competitividade e mão de obra qualificada, de acordo com as necessidades do setor. Isso é necessário para abordar o crescimento na criação de novos empregos e o desenvolvimento de profissionais mais bem treinados para o mercado de trabalho do futuro. A intenção é que as empresas possam identificar sinergias e, em um segundo momento, alinhar oportunidades para aprimorar o aumento das iniciativas já realizadas individualmente; fazer parcerias com a academia e também buscar apoio dos setores público e privado para ações que considerem relevantes para expandir a adoção da IA pelo país e que devam resultar em desenvolvimento local sustentável.
No Brasil, o estudo “O impacto da IA no mercado de trabalho”, encomendado pela Microsoft à consultoria americana DuckerFrontier, analisou o que a IA pode trazer para o país, até 2030, na economia e na sociedade em cenários de benefício mínimo e máximo na adoção da tecnologia. Segundo a pesquisa, o setor de serviços corporativos se beneficiará mais com maior incorporação de IA, com 26 milhões de novos empregos criados. Haverá 103% mais empregos até 2030 em comparação com as estimativas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o mesmo período, uma vez que os efeitos da automação e da criação de novos empregos aumentariam 258% nos serviços corporativos do setor. Outros setores que teriam ganhos importantes na criação de novos empregos seriam a manufatura (+ 73% na criação de novos empregos), os setores de varejo, atacado, hotelaria e alimentação (+ 44%) e construção (+ 42%).
A presidente da Microsoft Brasil, Tânia Cosentino, explica que o Brasil está avançando na adoção de tecnologia e este é um momento propício para a criação de um AI Industry Board. “Reunir os líderes dessas empresas e organizações para aprimorar o desenvolvimento e o uso de tecnologias baseadas em IA é uma maneira de contribuir ainda mais para essa transformação. Além disso, é uma maneira construtiva de garantir que a IA seja usada da melhor maneira possível, observando e discutindo seus impactos em diferentes setores, incluindo a capacitação de profissionais para a nova realidade do trabalho”, afirma.
Para Marcelo Frontini, diretor de canais digitais e experiência do cliente no Bradesco, ingressar no IA Industry Board representa uma oportunidade para discutir um tópico central da estratégia de transformação digital do banco. “Parte de nossos esforços em inovação está focada na criação de novas jornadas nos canais associados ao uso de novas tecnologias, para que as experiências sejam ainda mais fluidas na vida das pessoas”, afirma o executivo.
“A Vivo foi pioneira no uso da inteligência artificial no Brasil, quando lançamos a Aura em 2018. Atualmente, a Aura registra, em média, 23 milhões de interações mensais nos mais de 20 canais de serviço em que está presente. Acumulados desde o seu lançamento, já existem mais de 200 milhões de interações/atendimento ao cliente. E a Aura apresenta aproximadamente 90% de precisão, o que significa que, para cada 100 dúvidas ou perguntas de nossos clientes, a Aura geralmente interpreta corretamente mais de 90 deles”, diz Luiz Eduardo Medici, vice-presidente de Dados e Inteligência Artificial da Vivo.
“Nós, no Grupo Fleury, usamos inteligência artificial para apoiar as soluções de diagnóstico relevantes para a prática clínica e o gerenciamento da saúde e, transversalmente, para aumentar nossa eficiência operacional. Reunir representantes de diferentes setores e sociedade civil para discutir o uso ético dessa ferramenta oferecerá uma visão holística e diversificada dos benefícios e impactos dessa importante ferramenta de transformação digital “, explica Luzia Sarno, CIO do Grupo Fleury.
“A SulAmérica vem desenvolvendo expertise em Inteligência Artificial de maneira rápida. Há quatro anos, desenvolvemos uma área de inovação multidisciplinar com latitude para pensar em novos negócios para a empresa, além de criar um Centro de Excelência em Análise de Dados Avançada para trabalhar no desenvolvimento da capacidade para uso de Machine Learning, Reconhecimento de Voz e Imagem, com um equipe de cientistas de dados, engenheiros e outros profissionais digitais. Também incentivamos a digitalização das jornadas dos clientes e de nossos parceiros, com o objetivo de oferecer a melhor experiência digital”, afirma Washington Vital, Head de Data & Analytics e transformação digital da SulAmérica Seguros.
Fonte: Convergência Digital