Empresas brasileiras que desenvolvem tecnologia estão atrás de setores tradicionais da indústria em busca de uma coalizão que potencialize uma agenda comum, tanto na costura de políticas públicas como na relação entre os diferentes segmentos industriais.
“A gente precisa mobilizar esforços de vários lados. Desde material de construção que precisa de tecnologia, das máquinas que precisam da indústria 4.0, que precisam de internet das coisas e interoperabilidade de equipamentos. A gente precisa de tecnologia em várias áreas. De forma que os segmentos devem ver os diferentes setores como complementares. É uma proposta de engajamento”, afirma a diretora presidente da P&D Brasil, associação de empresas de desenvolvimento tecnológico nacional, Rosilda Prates.
Essa agenda comum pode envolver questões de financiamento, compras públicas, instrumentos como a Lei do Bem e mesmo a reforma tributária. Alguns deles são prementes, como no caso da licitação das frequências para dar a partida na implantação do 5G no Brasil, como destaca o presidente do Conselho Deliberativo da P&D, Marcelo Andrade, que é vice presidente da Prysmian para a América Latina.
“Veja a questão do 5G. Tem a discussão da banda que vai ser usada, se interessa ao grande operador, ao pequeno provedor. Tem a questão tecnológica, de quem vamos comprar a tecnologia, se é que vamos comprar de um só. Tem a questão das cidades, como vamos montar as antenas. Portanto para a sociedade, um assunto como o 5G é uma coisa muito abrangente. E quem é a liderança que puxa isso? Ou vamos ficar cada um discutindo seu próprio umbigo. As associações juntas podem liderar um tema como esse, forçar uma política.”
A experiência recente das tratativas sobre a nova Lei de Informática sinalizam algum grau de sucesso na articulação de interesses comuns. “É importante que o governo veja em associações como a P&D, Abimaq, Abramat, Abinee, Abisemi um suporte para a tomada de decisões”, afirma Rosilda Prates, enquanto acena a uma amplitude de segmentos industriais pela agenda coletiva.
“Uma questão que é de interesse das empresas e afeta a todos instalados no Brasil é a questão tarifária. Já tivemos várias ameaças de redução a zero das tarifas. Isso é um problema para todos. Porque elimina a condição de empresas nascentes aqui competirem com empresas já estabelecidas lá fora. Nenhum país faz isso. Isso é uma agenda comum que cria pontos de convergência entre as associações. Afeta a indústria de máquinas, afeta a indústria eletroeletrônica”, aponta Antônio Carlos Porto, da gaúcha Datacom, que desenvolve roteadores e switches, e vice presidente da P&D Brasil.
Fonte: Convergência Digital