Até o ano passado, o Brasil ocupava o 66º lugar no Ranking Global de Inovação, medido por instituições ligadas à indústria americana, como a National Association of Manufacturers e o Manufacturing Institute. A análise feita pela Pesquisa de Inovação (PINTEC) do IBGE mostra que a quantidade de empresas inovadoras no país caiu para 33,6% no triênio 2015-2017 – antes disso, o índice era de 36%. Os obstáculos incluem a dificuldade em acessar linhas de crédito, oscilações na economia e poucas políticas relacionadas à pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Mas há esforços para colocar o Brasil mais perto de cruzar a fronteira tecnológica. Um deles é a Lei de Informática (leis 8.248/91, 10.176/01, 11.077/04 e 13.023/14), que “dispõe sobre a política industrial para o setor de tecnologias da informação e comunicação”. A lei concede crédito financeiro para empresas do setor de tecnologia que investirem em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação. O incentivo fiscal é especialmente útil para negócios baseados em hardware e automação, ferramentas importantes para a transformação digital.
Soluções para empresas beneficiárias
No Sistema Fiep, a área de Inovação e Tecnologia tem diferentes frentes de trabalho para auxiliar indústrias beneficiárias da Lei de Informática. Uma delas é a contratação de startups para projetos de P&D. “Temos recomendado e visto os resultados em empresas que lançam mão das startups para investir em P&D, uma vez que os projetos têm duração mais rápida do que com um instituto”, aponta Felipe Couto, gerente de Inovação e Produtividade do Sistema Fiep.
É aí que entram as startups aceleradas pela instituição, como a True Work. Contratada pela multinacional japonesa Furukawa para desenvolver um sistema de automação de testes em 2019, a startup já tem outros projetos em andamento dentro da contratante. Sergio Scarpin, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Furukawa, destaca os benefícios desse tipo de parceria. “As startups podem ser uma fonte de recursos especializados em campos complementares aos da nossa empresa. Escolhemos a True Work pela experiência dos profissionais na área que precisávamos. Faz muito mais sentido buscar auxílio fora do que criar esse conhecimento altamente especializado dentro de casa”, analisa. A Azuba, outra startup incubada pela Aceleradora Sistema Fiep, também faz parte do ecossistema de inovação da Furukawa, desenvolvendo sistemas de visualização 3D para gerenciamento de infraestrutura de redes.
A Aceleradora Sistema Fiep existe há nove anos e é uma das precursoras do relacionamento com startups no Paraná. Atualmente, tem 18 novos negócios sendo incubados – desde o início das atividades, cerca de 45 startups passaram pela Aceleradora. O objetivo da unidade é apoiar times inovadores no desenvolvimento de produtos e serviços, na estruturação de planos de ação e de negócios, e levantar potenciais investidores e clientes.
A Lei da Informática é um dos caminhos possíveis. “Observamos que a maioria das empresas beneficiárias da lei desconhece a possibilidade de contratação de startups com recursos. Adicionalmente, temos constatado que boa parte das empresas se habituaram a usar os mesmos parceiros em seus projetos de P&D, ou seja, poucas empresas buscam novos institutos e startups. Queremos ampliar essas relações”, conclui Felipe Couto.
Fonte: G1Globo