Em seminário sobre mudança do clima e impactos no Nordeste, MCTI abordou tema de financiamento climático
OMinistério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) participou nesta sexta-feira (19) do seminário “Mudanças climáticas e seus impactos no Nordeste: desafios e perspectivas para a região”. O evento promovido pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, em conjunto com a Academia Pernambucana de Ciências (APC), abordou os temas de vulnerabilidades climáticas, previsibilidade de fenômenos e educação ambiental, financiamento climático, oportunidades e desafios da transição energética.
“Hoje a mudança do clima não é apenas uma pauta ambiental, é uma pauta de desenvolvimento dos países”, afirmou Ricardo Araujo, especialista em transparência climática que representou o MCTI.
Ele destacou que a agenda de mudança do clima é transversal, passando por várias áreas do conhecimento, setoriais e governamentais. Contudo, ainda não há consenso sobre o que deve ser considerado financiamento climático. Araujo relatou que a definição do conceito é um ponto importante no âmbito internacional porque antes do Acordo de Paris os países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar até 100 bilhões de dólares por ano. “O que vem se observando é que, por falta dessa definição, muitos investimentos eram tratados como financiamento climático, sem que fossem realmente direcionados para o combate dos impactos negativos da mudança climática”, explicou.
O especialista apresentou ainda iniciativas empreendidas pelo MCTI que utilizam os mecanismos de financiamento da Convenção do Clima para criar instrumentos que deem maior efetividade e informação apropriada aos tomadores de decisão, para captação de recursos e implementação de ações. Ele citou os planos de ação tecnológica para mitigação e guia de financiamento de tecnologias priorizadas, que estão disponíveis no Sistema Nacional de Registro de Emissões (SIRENE).
Outro exemplo é o projeto da Quinta Comunicação Nacional e Relatórios Bienais de Transparência, financiado pelo Fundo Global do Meio Ambiente (GEF), responsável por produzis os relatos de transparência e conformidade do país que são submetidos à Convenção do Clima. Os relatos de transparência produzem informações relevantes para o país, entre os quais está o inventário nacional de gases de efeito estufa e de impactos, vulnerabilidades e adaptação. “É por meio desse projeto que conseguimos viabilizar várias iniciativas como os estudos de modelagem de modelagem climática e de impacto”, explicou.
Para a diretora do Cetene, Giovanna Machado, o tema de mudança do clima é complexo. Contudo, a proposta do evento é que apresente propostas de ações que possam fomentar agendas que propiciem mudanças de mitigação dos impactos na região. “Temos profissionais competentes, temos tecnologia, competência. É um problema que tem que ser atendido com muita atenção e com pequenos passos que se chega muito longe”, afirmou. “O Cetene foi criado para o desenvolvimento socioeconômico da região Nordeste. Estamos falando de nove estados que tem muito poder para fazer essa mudança”, complementou durante a abertura do seminário.
Impactos da mudança do clima no Nordeste – De acordo com estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre as mudanças no clima nos últimos 60 anos no Brasil, áreas do interior da região Nordeste, e outros locais, já apresentam redução de cerca de 30% na precipitação anual e temperaturas máximas até 3oC mais altas, comparado ao período de referência. Estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) e do Inpe identificou pela primeira vez a ocorrência de uma região árida no Brasil. A área fica no Nordeste.
Assista à íntegra do seminário nos links a seguir: manhã e tarde.