Nem toda ‘verdade’ é absoluta, e esta questão cabe muito para a relação existente entre as empresas e universidades no Brasil. Para muitos essa relação praticamente não existe, criando uma barreira intransponível entre esses dois importantes grupos que podem alavancar ainda mais o crescimento do país, mas quando se aprofundo nessa dita verdade, se tem que outra realidade, e que afirmação de que existe um blackout intelectual nas empresas brasileiras não existe.
“Afirmar que há um blackout é um termo muito forte, uma vez que cada vez mais as grandes, médias e pequenas empresas entendem que o investimento no capital intelectual é sinônimo de lucratividade. A gestão do capital intelectual resulta de um processo bem estruturado de recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento do colaborador. É certamente uma influência positiva no sucesso estratégico da empresa. Hoje investir no capital intelectual interno é certeza de inovação e retorno do investimento”, explica o diretor Sidirley Fabiani da Gestiona.
O dado é confirmado por estudo do pesquisador e diretor-científico da Fapesp Carlos Brito, que comparou os recursos recebidos por universidades americanas com as duas instituições brasileiras de ensino superior consideradas as melhores do país em diversos rankings.
Os resultados, baseados em dados de 2000 a 2016, mostram que USP e Unicamp cultivam um relacionamento de investimentos e coautoria em pesquisas na mesma intensidade quanto instituições americanas estreladas, entre elas MIT (Massachusetts Institute of Technology), Universidade da Califórnia (UC Davis) e Berkeley.
Contudo, isso não significa que vivemos um paraíso, ainda há a necessidade de um aprofundamento, para que os pesquisadores das universidades sejam melhor utilizados nas empresas. Isso decorre da falta de continuidade das políticas ligadas à pesquisa e inovação. A ausência de recursos subsidiados também atenta contra a permanência de nossos pesquisadores em solo brasileiro, buscando oportunidades em outras localidades.
Busca por outros países
Outro problema observado é o crescente número de pesquisadores que deixam o país em busca de melhores realidade, passando os conhecimentos para outros nações. Segundo o diretor da Gestiona essas evasões são “enormes e significativas, não somente para as empresas, mas para o país de modo geral, seja na educação, saúde, tecnologia, ciência. O término de muitos programas que subsidiavam a carreira desses profissionais também pode ser elencado como um fator decisivo para a evasão dessa força”.
Interesse para empresas
Por mais que muitas empresas já tenham a percepção, ainda existe um caminho muito grande para a conquista de uma melhor relação entre empresas e pesquisadores. Mas isso geraria ganhos enormes para todos envolvidos nessa ação, principalmente a sociedade.
Mas como localizar? O diretor da Gestiona explica que geralmente, em universidades, centros de pesquisa e centros próprios de P&D existem já bancos de currículos de pesquisadores e projetos. Aliás, essa última é uma das boas opções de se manter dentro do time o quadro de pesquisadores e demais técnicos de desenvolvimento”.
Mas, apenas manter não soluciona a questão, é preciso reter e há diversas maneiras hoje no mercado, mas podemos citar algumas delas como: valorizar e motivar os talentos, persistir na obtenção e manutenção de um bom ambiente profissional, investir e desenvolver um plano de educação corporativa, favorecer a ampla troca de experiências, dentre outras alternativas e iniciativas.
Para que as empresas possam contratar e reter talentos, ela pode buscar apoio em alguns incentivos fiscais como a Lei do Bem, que visa fomentar a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de novos produtos dentro das empresas, pois para que haja esse desenvolvimento contínuo, a figura do pesquisador é fundamental, finaliza Sidirley Fabiani.